O espetáculo Arlequim, servidor de dois patrões, completa 100 apresentações aqui em Brasília e, em um ano de temporada que circulou por 12 cidades.
O ator Marcos Breda que interpreta o personagem-título Arlequim, conta que o espetáculo foi gestado há mais de cinco anos, quando o ator entrou em contato com o texto clássico de Carlo Goldoni. “O Marcos tem preparação corporal excepcional. Além de trabalho de bufão, clown e máscaras, que desenvolveu em estudos na Inglaterra” – comenta Luiz Arthur Nunes, diretor da peça.
O hilariante Arlequim, começa com Pantaleão e o Doutor - dois velhos ridículos, o primeiro com sua barbicha característica, o segundo com sua barriga e verborragia - acertando o casamento de seus filhos Clarice e Silvio.
O casamento será realizado graças à morte de Frederico Rasponi, a quem Pantaleão tinha prometido sua filha. Porém, assim que o noivado é acertado, entra Arlequim para anunciar a presença de seu amo, ninguém menos do que Frederico. Arlequim é responsável pelas cenas de maior humor do espetáculo. Mandado ao correio pelos dois patrões, sem saber ler, acaba trocando as cartas. E por aí vai.
Marcos Breda, Camila Pitanga e Maria Helena Alvarez se associaram e resolveram produzir o espetáculo, cujo processo de montagem foi diferente. A peça, por exemplo, estreou em Porto Alegre, fora do viciado eixo Rio-São Paulo. Os atores passaram por mecanismo de aprendizado intenso antes de compor cada personagem. Mantiveram contato com especialistas em teoria e prática da commedia dell’arte, como Beti Rabetti, professora da UniRio, e Tiche Vianna, especialista no uso de máscaras.
Ainda no Elenco: Guilherme Piva, Carol Machado, Carolina Aguiar e André Valli. Confira as entrevistas.
BW – Arlequim é um clássico, mas atuar e permanecer no palco, como se lá fosse a cochia, é uma proposta nova, não é?
Marcos Breda – Essa foi uma idéia do diretor - Luiz Arthur Nunes, que lida com dualidade da linguagem épica com a dramática, então, enquanto você está em cena contracenando com o colega você está exercitando a via dramática e, quando você “fura” a quarta parede e fala diretamente com a platéia, você discursando, narrando e isso é épico. As duas vertentes simultaneamente no palco que traduz esse tipo de cochia aparente, onde você vê o que está acontecendo fora e dentro de cena.
BW – Você fez cursos para interpretar esse personagem?
Marcos Breda – Passei um tempo morando na Inglaterra e estudando também, daí aprendi técnicas de bufão, clown e máscaras e, estou me preparando na verdade para fazer esse projeto há quase uma década, mas eu escolhi o Arlequim porque eu gosto é desse universo, da máscara, da commedia dell’arte, dos personagens populares, quase arquetípicos do teatro ocidental, então a escolha foi uma mistura de gosto pessoal com o interesse na pesquisa desse universo.
E aí, eu a Camila Pitanga e a Maria Helena Alvarez, nos reunimos para batalhar patrocínio, condições de viabilizar o projeto, o grupo de trabalho e começamos exatamente há um ano atrás.
BW – Como foi completar 1 ano com a turnê da peça em Brasília e ter a sala Villa-Lobos lotada?
Camila Pitanga – Completar 1 ano de turnê em Brasília realmente nos deu um prazer enorme, primeiro porque o público foi muito receptivo nos dois dias de apresentação, nos deu mais alegria ainda em ter a casa cheia, nos brindando com chave de ouro o término da turnê nesse primeiro semestre.
Bom, e eu, particularmente, estou muito feliz de estar aqui, porque estou curtindo um pouco a família, já que o papai (Antonio Pitanga) e a Bené (Benedita da Silva – Secretária de Assistência e Promoção Social do governo Lula e ex-governadora do Rio de Janeiro), estão morando aqui, fiquei no seio familiar e estou aproveitando também para conhecer melhor a cidade.
Reportagem: Renata Pantoja