Os discursos dos realizadores dos filmes da mostra competitiva do sexto dia do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, nesta quarta-feira (20), foram recebidos com aplausos sempre que levantavam questões de representatividade. Entre os temas das produções em cartaz nesta noite estavam relacionamentos abusivos e escravidão.
Adaptado de uma série de TV, o longa-metragem O Nó do Diabo é formado por cinco curtas que se passam em uma fazenda na época da escravidão no Brasil. “Quero chamar todo mundo para debate, sobretudo homens e mulheres negros, porque temos que chegar e mostrar quem somos”, disse a atriz Cíntia Lima, aclamada pela plateia que lotou o Cine Brasília.
Antes do filme, foi exibido o curta-metragem Tentei, de Lais Melo. A produção, de um coletivo de mulheres, acompanha a personagem Glória, que sofre violência doméstica diariamente e tem dificuldade para sair do relacionamento abusivo.
Segundo a diretora, a discussão ainda é intimidadora para mulheres. “Por encontrarmos outros homens e mulheres dispostos a falar sobre isso, criamos coragem para ocupar esse espaço com essas questões.”
Mostra Brasília tem variedade de gêneros
Com três curtas e um longa-metragem, o terceiro dia da Mostra Brasília variou nos gêneros ao apresentar comédias, um drama e um documentário. Os filmes, exclusivamente da capital do País, concorrem ao 22º Troféu Câmara Legislativa.
O diretor Bruno Victor, do curta que abriu a noite, Afronte, ficou animado com a recepção. “Pessoas de todas as idades vêm falar comigo depois da sessão. Sinto que o filme tem a representatividade que eu queria.”
Mistura de cenas documentais com ficção, a obra fala sobre racismo e homofobia. “São discussões que precisam chegar para todos, até para os héteros e os brancos”, disse Victor.
O curta Habilitado para Morrer satiriza o estilo de filmes policiais para fazer um comentário sobre a corrupção. Já o A Inviolável Leveza do Ser, com apenas 2 minutos, retrata a superação de uma garota que teve o coração partido.
Fechou a sessão a comédia de longa-metragem Jeitosinha, sobre uma garota que, aos 18 anos, descobre ser um homem, apesar de ter sido criada como mulher.
A programação começou pouco antes da competitiva, às 18h30 no Cine Brasília, que ficou lotado.
A Mostra Brasília segue até sexta-feira (22), sempre nesse horário. Ao todo, serão 13 curtas e quatro longas, que disputarão R$ 240 mil em prêmios, distribuídos pelo Legislativo local.
Festival tem programação descentralizada
Ainda nesta quarta, às 20 horas, os filmes da mostra competitiva foram exibidos gratuitamente em quatro regiões administrativas: Teatro da Praça (Setor Central de Taguatinga); Espaço Semente (Setor Central do Gama); Teatro de Sobradinho; e Riacho Fundo I (em frente à administração regional).
A reprise gratuita dessas produções será nesta quinta-feira (21), às 15 horas, no Auditório 1 do Museu Nacional (Conjunto Cultural da República, próximo à Rodoviária do Plano Piloto).
Os moradores das regiões em que haverá projeções da mostra competitiva também poderão aproveitar o Festivalzinho, voltado ao público infantil, que teve início na segunda (19) e vai até sexta-feira (22).
Os filmes foram exibidos em sessão única na segunda e se repetem no Cine Brasília, até 22 de setembro, às 9 horas. Até a sexta-feira, sempre às 14h30, também passarão no Gama, no Riacho Fundo I, em Sobradinho e em Taguatinga.
A programação completa do 50º Festival de Brasília inclui ainda mostras paralelas, sessões especiais e o 3º Festival de Filmes Curta-Metragem das Escolas Públicas de Brasília.
Os ingressos no Cine Brasília são vendidos 30 minutos antes de cada sessão e custam R$ 12 (inteira).
Em 21/09/2017