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Projeto empodera lideranças comunitárias no combate à violência contra a mulher no DF

27/09/2017

No Distrito Federal, em 2016, a Polícia Civil registrou cerca de 13 mil ocorrências de violência contra mulheres. Em 2017, até o mês de setembro, já são cerca de 3.554, de acordo com a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM.

Para envolver a sociedade no combate à violência contra a mulher, a Polícia Civil do Distrito Federal, por intermédio da DEAM, lançou neste ano o projeto “Lidera - Empoderar para Multiplicar”, que vai capacitar com oficinas e palestras, lideranças comunitárias, a fim de fortalecer a atuação dos indivíduos como protagonistas no enfretamento à violência contra a mulher em suas comunidades.

No Brasil, uma em cada três mulheres já sofreram algum tipo de violência no último ano - Dados do DataFolha, em pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança.

Nesta segunda-feira (25), o Brasília Web esteve com a idealizadora do projeto, a delegada-chefe da DEAM, Dra. Sandra Gomes, que há 17 se dedica a luta contra a violência de gênero no DF. Com 22 anos de carreira, participou de ações importantes dentro da Polícia Civil, como: a criação da delegacia móvel, produção de cartilhas de orientação às mulheres vítimas de violência, deu início a criação de protocolos de atendimento às vítimas e atuação em campanhas e palestras de sensibilização em comunidades no DF e no Brasil.

BW – Como nasceu o projeto “Lidera – Empoderar para Multiplicar”?

Dra. Sandra Gomes – A ideia era dar continuidade ao trabalho que iniciamos em 2007, com a sensibilização da sociedade. Percebemos que as pessoas querem ajudar, mas ninguém se aprofunda muito no tema – nos serviços que o Estado e as ONGs têm disponíveis. Então, eu desenhei um projeto que pudesse empoderar as lideranças comunitárias a cerca das questões de gênero, dando a elas instrumentos que pudessem auxiliar no trabalho de prevenção à violência contra as mulheres, além de ensinar como ajudar as vítimas em suas comunidades.

O agressor, na maior parte das vezes, é um conhecido (61% dos casos). Em 19% das vezes, eram companheiros atuais das vítimas e em 16% eram ex-companheiros. Dados do DataFolha, em pesquisa encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança.

BW – Como é o curso para os líderes comunitários?

Dra. Sandra Gomes – Primeiramente, a gente senta com o grupo para entender a necessidade deles, no que querem aprofundar. O estudo sobre a violência de gênero é obrigatório, pois esse é o carro chefe do nosso trabalho. Damos algumas dicas de como essa liderança pode melhor se organizar, tirar mais proveito do seu trabalho lá na ponta. Um dos conteúdos discutidos é o desenvolvimento de projetos de formação de redes locais, a multiplicação do conhecimento, empreendedorismo social, bem como a promoção da cultura de paz, direitos humanos e protagonismo.

BW – Quem pode participar e onde o curso acontece?

Dra. Sandra Gomes – Geralmente são os grupos que nos procuram, mas qualquer pessoa interessada no tema pode fazer o curso. As aulas acontecem no auditório da DEAM (EQS 204/205 – Asa Sul). Planejamos também uma visita nas instalações da delegacia para mostrar como os procedimentos ocorrem.

BW – Alguma turma já se formou?

Dra. Sandra Gomes – Nós já tivemos duas turmas em menos dois meses. A primeira com 110 pessoas, a segunda com 64 e agora teremos uma terceira turma com alunas de medicina da UnB, com 42 alunas. Teremos também uma capacitação com os agentes do Metrô e um outro curso para mulheres de Planaltina.

BW – O curso tem certificado?

Dra. Sandra Gomes – Sim. A formatura das três turmas será feita até o mês de outubro, pela Direção-Geral da Polícia Civil do DF. Os alunos receberão o diploma, com a minha assinatura e do diretor-geral, Eric Seba, contendo a carga horária e o tema de todas as palestras. Será realmente um documento oficial de credenciamento naquele assunto.

BW – Como pretendem avaliar o sucesso do projeto?

Dra. Sandra Gomes – Desenvolvemos um formulário de avaliação para o acompanhamento do trabalho das lideranças comunitárias. Esse formulário será encaminhado nos próximos dias para que avaliem as oficinas. O segundo passo é encaminhar, depois de alguns meses, um outro formulário para que possamos entender como o protagonismo dos(as) líderes está se desenvolvendo dentro das comunidades.

BW – Teria algum recado para as mulheres do DF, que sofrem de violência doméstica?

Dra. Sandra Gomes – Denunciem, não fiquem caladas. A violência contra mulher não pode ser naturalizada. Espero que as mulheres do Distrito Federal confiem mesmo na Polícia Civil, porque temos levado isso muito a sério. Nós investimos em proteger e cuidar da mulher no Distrito Federal.

As lideranças interessadas no curso de capacitação do projeto Lidera – Empoderar para Multiplicar, podem entrar em contato via e-mail: deam.projetolidera@pcdf.df.gov.br. Para outras informações acesse o site www.pcdf.df.gov.br. O curso é gratuíto!

Ligue 180 Central de Atendimento à Mulher para denunciar casos de violência doméstica. A ligação é gratuita.

Além da Deam, funcionam no local o Centro Especializado de Atendimento à Mulher, Ministério Público, Defensoria Pública e Centro Judiciário da Mulher.

Já a Casa da Mulher Brasileira de Brasília (601 Norte), oferece serviços para a mulher e os filhos, como brinquedoteca, acolhimento, atendimento psicossocial, alojamento de passagem e promoção à autonomia econômica.


 

Fonte: Caína Castanha
Foto: Anna Paula Barros - Brasíliaweb


Original: http://www.brasiliaweb.com.br/integra.asp?id=46076&canal=8&s=92&ss=0