Administrado por:

 


Câncer ainda faz muitas vítimas, mas avanços aumentam possibilidade de cura
24/06/2019

Em evento realizado nos Estados Unidos, diversos estudos foram apresentados, ampliando as formas de tratar os mais variados tipos de câncer

O câncer é a segunda doença que mais causa mortes no mundo, sendo responsável por 9,6 milhões de óbitos em 2018, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ou seja, uma em cada seis mortes é relacionada à patologia. Porém, entre 30% e 50% dos casos a prevenção é possível se forem evitados os fatores de risco comportamentais e alimentares, como alto índice de massa corporal, baixo consumo de frutas e vegetais, falta de atividade física e uso de álcool e tabaco

Segundo a OMS, o câncer pode ser reduzido e controlado por meio da implementação de estratégias baseadas em evidências para a prevenção, a detecção precoce e o tratamento de pacientes com a doença. Muitos tipos de cânceres têm uma alta chance de cura se detectados a tempo e tratados adequadamente.

Mais inovação nas pesquisas e tratamentos

No início de junho, foi realizado o 55º Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês), em Chicago, nos Estados Unidos, que é considerado o mais importante congresso mundial sobre câncer. Foram apresentados estudos sobre os mais variados tipos da doença. “Eu acompanho o ASCO desde 1998 e vejo, claramente, uma mudança no cenário de enfrentamento da Oncologia. Lá, podemos encontrar profissionais que passam por dificuldades semelhantes às nossas e temos acesso a pesquisas que trazem esforços e resultados importantes, desde a área básica da biologia molecular até a genética”, explica Dr. Murilo Buso, oncologista e diretor do Hospital do Câncer Anchieta (Hcan).

Estudos apresentados no ASCO 2019

Câncer de pele

O melanoma é um tipo de câncer de pele bastante agressivo, que pode ser diagnosticado em fases mais avançadas. No evento americano foi apresentando um estudo chamado ChecckMate 204 onde é comprovada a eficácia da associação  de  imunoterapia para o melanoma metastático para Sistema nervoso Central.

Câncer na cabeça e pescoço

Outra novidade é nos casos de câncer de cabeça e pescoço metastático que contam agora com um novo regime de tratamento com Pembrolizumabe isolado ou associado à quimioterapia, o que se torna uma nova estratégia para este tipo da doença.

Câncer gástrico

Em pacientes idosos e frágeis com câncer gástrico avançado, foi apresentada uma pesquisa com redução das doses do tratamento que não apresentou prejuízo nos resultados. O método foi avaliado como seguro e eficaz neste grupo.

Câncer de mama

Já no câncer de mama metastático com os receptores hormonais positivos e terapia hormonal associada ao alvo Ribociclibe, o estudo apresentado no ASCO 2019 demonstrou uma sobrevida global de 24% dos casos estudados.

Câncer no ovário e útero

Um estudo para tumores de útero e ovário do tipo carcinosarcomas demonstrou que o tratamento com quimioterapia contendo as medicações Carboplatina e Paclitaxel passa a ser o padrão para as pacientes em estágios iniciais e avançados.

Câncer no pâncreas

No câncer de pâncreas metastático foi discutido o estudo POLO, que avaliou um grupo selecionado de pacientes com uma mutação do gene BRCA. Após a quimioterapia com platinas, tiveram benefício ao utilizar a Olaparibe como manutenção após o tratamento convencional.

O ASCO abordou também a importância do diagnóstico molecular na oncologia, a investigação de mutações que possam ser alvos para tratamentos e a individualização do tratamento que proporciona uma medicina mais personalizada. “Estar no evento mostrou que é necessário entender que não basta apenas termos novas tecnologias, é preciso também implantá-las de forma viável para a sociedade”, afirma o oncologista e diretor do Hcan.

Segundo o especialista, o Brasil tem investido na área de oncologia e Brasília está entre as cidades com excelência em tratamentos. “O Brasil está avançando na área oncológica, já temos um bom trabalho de prevenção e diagnóstico. O Hcan, por exemplo, desenvolve um trabalho inovador com uma linha de cuidado diferenciada. Nós olhamos para o paciente não para a doença. A pessoa chega com o sintoma, é atendida, avaliada por um grupo de profissionais, o diagnóstico é passado e em 48 horas ela já tem o estadiamento e tratamento selecionados. O desafio do país é oferecer a mesma qualidade da rede particular para todos que não têm um plano de saúde”, conclui Dr. Murilo Buso.

Sobre o ASCO

Fundada em 1964, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica realiza todos os anos encontros para apresentar e debater estudos inovadores na área oncológica. Este ano, o evento reuniu cerca de 40 mil profissionais durantes os quatro dias de congresso. 

 

Oncologista e diretor do Hospital do Câncer Anchieta, Dr. Murilo Buso, esteve no ASCO 2019 e explica a importância da troca de informações e novos estudos. Foto: Divulgação

Original: http://www.brasiliaweb.com.br/integra.asp?id=46995&canal=2&s=96&ss=0